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Nós não somos estúpidos?
Ignoramos aqueles que nos adoram, mas deixamo-nos ser magoados por aqueles que amamos.
Adoramos aqueles que amamos, e amamos aqueles que nos magoam. E no final magoamos aqueles que nos adoram. Isto não é a coisa mais estúpida?
Parece que estamos enclausurados num ciclo vicioso, onde estou eu, tu e os restantes. Tu esforças-te ao máximo para me ignorar, magoando-me, e eu continuo aqui à espera da reviravolta milagrosa do chamado ciclo. Continuo a magoar aqueles que menos merecem, por ti, só e apenas por ti.
Eu não quero ser a tua boneca, agora nem isso sou. Sou a tua marioneta, que se move porque tu assim queres, porque tu assim o desejas. Não que tenhas consciência disso. És apenas, alguém que não reflecte nas palavras, só isso.
Adiante...hoje quero mudar as coisas. Não te quero magoar, porque todas as vezes que o fiz, foi por súbita e temporária raiva. Sabes que na verdade nunca te conseguirei odiar. Não te odeio, nem tão perto disso. Nem posso dizer que esteja magoada contigo, tal como o ciclo em que estou aprisionanda, existe uma vida, um tempo e, ambos sabemos o quão curto o tempo é, uma vida que não pára, e infelizmente o mundo não para para consertar corações partidos, nem para quebrar ciclos viciosos.
Somos isto: tu o prisioneiro que anda ás voltas, perdido e sem rumo, e eu a que te segue com fim a te alcançar. Não vai ser sempre assim. Não quebras tu o ciclo, quebro eu.
Aprendi muito nestes meses. Meses. Sabes, não deste por eles passarem, tu nunca dás pelo tempo, sempre perdes-te a sua noção, e se bem me lembro «o tempo somos nós que o contabilizamos».
Pois bem eu digo-te, já lá vão nove meses. Agora soma-lhes todas as noites que chorei de joelhos contra o peito, soma os dias que te odiei, e ainda aqueles que estava fora de mim. Soma tudo e vê como o tempo custou a passar.
Hoje tenho saudades. E hoje mais do que um dia qualquer sei o que são de verdade.
Aprendi que saudade é querer voltar a um momento e ficar lá para sempre. É querer viver tudo, outra vez da mesma forma.
Saudade é a falta de algo. É a esperança que uma música nos aproxime de novo. É o medo que o tempo passe e que nada volte a ser igual ao que foi. Saudade é apenas vazio.
O ciclo continua, apenas os nossos corações estão desacertados, há muito que não batem no mesmo compasso, para o mesmo rumo, com o mesmo fim. Já há muito que não entrelaças a tua mão na minha, que não metes o teu braço à volta dos meus ombros. Há muito que me deixas-te de proteger do frio e, de me fazer festas no cabelo. Há muito que não me embalas, nem me dizes as palavras que mais quero ouvir. Há nove meses que não o fazes, e não é hoje que tos vou pedir. Aprendi a viver com a minha saudade, aprendi a acalmá-la à minha maneira sem que tu, ou qualquer outro me ajudasse.
Esperei e desesperei, ri e chorei, pulei e caí vezes sem conta, enquanto tu, entrelaçavas as tuas mãos nas de uma outra qualquer, sussurrando tudo o que me disses-te, todas as promessas que me fizes-te. E eu ainda chorava, sabes? Há tanto tempo que choro. Aí está: amamos quem nos magoa.

1 comentário:

  1. ai amor , amor.
    eu já tinha lido o texto, mas lê-lo aqui é outra coisa. Não sei porquê.
    discordo contigo numa coisa... a vida espera por ti. Se não fosse assim, já não estarias viva. Não tinhas suportado tudo o que suportaste e não sorririas da forma que sorris.
    Faz uma coisa. Quando a saudade apertar, sê mais forte que ela. Canta, dança, sorri, fala. Quando ela chegar de mansinho e quiser ficar, não deixes. Aperta as tuas mãos contra o coração e faz qualquer coisa. Distrai o teu pensamento. Será muito mais fácil.
    Quanto ao entrelaçar as mãos noutra qualquer, não posso dizer muito... digo-te: ignora. És mais forte que isso, e em certa parte saberias que isso era possível que acontecesse, e o teu coração acaba por se habituar. Acaba por se habituar a tudo.
    <3

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