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Naquele dia, eu dei-te uma chave. Sabes que não era uma chave qualquer, era a chave do meu coração. E no coração está a alma. Entreguei-tos sem pensar duas vezes, sabendo que os protegerias de todos os males, de todas as tempestades e terramotos. Pensando que nas tuas mãos o meu coração não se desfazeria em cacos. Pensando que a minha alma não ficaria negra. Pensando que estavam seguros e a salvo.
Deixei-os nas tuas mãos abertas. A cada dia que passava, a tua mão estava um bocadinho mais fechada, lá dentro eles estavam quentes e confortáveis, até que com as tuas próprias mãos os comprimis-te, chegando ao ponto de ruptura.
E ali ficou um coração despedaçado, e tu sem coragem de me olhar nos olhos, fizes-te o que te restava: virar-me costas, e de cabeça baixa seguir o teu caminho.
Eu fiquei por ali, espelhada no meu próprio coração (ou, do que restava dele). Nada mais podia fazer, matas-te tudo aquilo que um dia plantei e amei com todas as forças. Antes chamavas-me carinhosamente de catástrofe, como se tivesse tido um efeito enorme na tua vida. Irónico não é ?És tu que tens o poder de causar efeitos nefastos.
Ainda hoje, tens a chave guardada contigo. Haverá um dia, que ela irá abrir a mesma fechadura, e nesse dia, os cacos que viste serão um coração novo e, a alma que viste negra, estará límpida como nunca antes esteve. Será assim que irei pensar, que dentro do meu novo coração estará uma alma renovada. E nesse dia não tos irei confiar, apenas os irás ver como algo que há muito deixas-te para trás.

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