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É estúpido pensar em ti, depois de todo este tempo. É estúpido que o meu coração teime em te manter preso a mim. É estúpido que a tua imagem não se dissolva com o tempo na minha mente. Mas mais estúpido ainda, é que ter saudades tuas.
É absurdo. Tu que já te devias de ter ido com o vento! Tu que já bates-te com a porta e me escancaras-te o coração vezes sem conta.
A verdade é que sinto saudades tuas e das tuas palavras de consolo. Sinto falta dos teus sussuros e dos teus abraços.
Já to disse uma vez, e a cada dia que passa sinto um vazio enorme no peito. Foste o único a quem posso afirmar que amei. Foste o único a quem na verdade me entreguei, e foste o único que me magoou. O único que me fez retrair e dar um passo a trás. O único com quem mais me ri, e por quem mais chorei. Foste o único a quem dei a mão sem medos, e com quem mais partilhei memórias. Foste o único, aliás és o único a ocupar na verdade o meu coração. E por mais que insista em colocar o teu lugar à disposição, os que entram ou não duram ou nem permito mesmo que cheguem a tentar ocupá-lo. Não por medo. Já ninguém me parte o coração, pelo menos, não com a mesma facilidade. Ele já não é de vidro nem de plasticina. Deixou de se quebrar à mínima pedra, ou de se moldar ás circunstâncias. Tornou-se talvez mais sólido, menos moldável.
Mas a verdade de não deixar que ocupem o teu lugar, é simples, ninguém me consegue fazer feliz. Não como tu me fazias. Ninguém lida comigo, como tu alguma vez lidas-te. Tu não te importavas que eu gostasse ou não do que dizias, tu apenas te limitávas a dizê-lo. Não me tentavas agradar pelo simples facto de mereceres a minha atenção, eras tu mesmo. Eras simples, verdadeiro e honesto. É disso que eu preciso.
Preciso das nossas tardes no sofá a fazer trabalhos de casa. Preciso das nossas caminhadas à beira mar e de juntar a minha cabeça ao teu pescoço. Preciso dos nossos fins-de-semana num jardim qualquer, e de esperar que soltes o cão apenas para aproveitares para entrelaçar a tua mão na minha. Preciso que me abraces com força e me digas que vamos ficar bem. Porque eu preciso de ti e, por mais que te queira afastar, como tantas vezes tentei fazer, há uma voz incessante e incansável que me diz para te deixar voltar. E quando penso nisso, existe algo que me aquece o coração e me deixa com uma ténue sensação de segurança.

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