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Diz-me: qual é a primeira coisa em que pensas logo que acordas? Em mim já não é.
Em mim, há muito que o meu primeiro pensamento se dirigia para ti (antes e depois do adeus, depois e muito depois do adeus). Mas hoje não. Hoje não pensei em ti. E não sei porquê. Hoje não pensei em ti, não me afectei com qualquer uma das tuas acções. Hoje não me dói, nem sinto saudades, e eu não sei porquê. Simplesmente não dói.
E sabes a melhor parte? Não me sinto mal, não sinto remorsos nem ódio. Não sinto qualquer espécie de sentimento ao pronuncionar o teu nome, nem qualquer coisa que até hoje se tenha parecido com o que sinto por ti. Hoje és como outro qualquer. És apenas, parte do meu passado. Gostava de te ver todos os dias assim, poder-te chamar de 'passado', enquanto que ainda estás tão presente. Quem me dera que não o estivesses. Mas olha, hoje não estás mesmo. Agora, encontro-me aqui sentada sobre mim própria, na cama que um dia foi nossa, a relembrar cuidadosamente cada pormenor da nossa história. Hoje, aqui, e agora consigo reter as lágrimas e sorrir. Mais uma vez vejo o lago de águas paradas que foste: preferias não nadar contra a corrente, agarrando o corrimão que tanto te identifica, como quem agarra a própria vida, mantives-te a tua segurança a cima de tudo e todos.
Nós nunca fomos um verdadeiro 'nós', e por muito que me custe, tenho que o admitir, éramos apenas um tu e um eu, que se uniram por breves momentos. Nada mais que isso. Sempre receas-te nadar contra a corrente, eu porém, estive disposta a saltar sobre pedras soltas, lutando contra cada medo teu, expus-te o jogo na mesa e, tu baseaste-te a descartá-lo. Fugis-te, por medo. Tu nunca perdoas-te nem nunca esqueces-te, achas-te o mais forte nas relações, quando és tu que foges por medo de sofrer.
Mas por incrível que te pareça, hoje não pensei na tua partida, na tua estúpida forma e tentativa de adeus, não pensei em ti com a mais ínfima ponta de saudade ou de rancor. Simplesmente não pensei.
E tinha saudades disto mesmo: de acordar e não pensar em nada, de não pensar em ti nem na tua forma de lidar com a vida, de pensar em ti e, no vazio que sinto sem a tua presença desde então, em ti e na forma cruel como me tratas-te à tempos. E hoje não senti rigorosamente nada.
Não me lembro de ter sonhado contigo, e se o fiz não desejei voltar ao sonho. Pedi a Deus que te afastasse de mim, dos meus sonhos, da minha mente. Pedi-Lhe que impedisse os meus braços procurarem o conforto dos teus, que não me deixasse aproximar de qualquer que fosse a coisa que a ti te dizia respeito, pedi-Lhe para Ele me fazer esquecer de ti.
Hoje acordei e esqueci-me. Tal como tu, que há meses te levantas e, não te lembras-te que deste lado eu estava a sofrer por ti. Por ti, que nunca me deu o valor, por ti que duas semanas depois já estavas nos braços de outra, por ti que foste a pessoa a quem me dediquei com mais afinco e que me desprezou com a maior das facilidades.
Por ti, que nunca se importou realmente com nada; por mim, que fui na verdade a quem mais se magoou, e quem esperou; por nós, que um dia nos completámos, como traçados complementares, como metades perfeitas.
Já te escrevi mil e uma cartas, e todas elas se foram com o vento, sei que não lhes deste o mínimo de valor, mas não importa.


(foi um desafio do facebook, não está muito bom, mas preferi postar aqui, desculpem)



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