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Não. O que magoa não é apenas a perda de uma pessoa, da pessoa. O que mais magoa é aquela sensação de desolação, e que as coisas nunca vão dar certo. E nessas horas aparece sempre alguém a dizer "Vai para outra. A vida continua". E assim se vai. Com um dia a correr atrás do outro. A mente vive num ápice o tempo todo. E o corpo vive no mesmo ápice que ela. O que os difere são a rotina em que o corpo está inserido, e a liberdade da mente de seguir em devaneios que nos levam aos mais fundos buracos, do nosso próprio coração.
Mas o coração não tem medo de perder somente a pessoa, mas também de estar sempre só, de ter algo que o impeça de ser feliz. Tem medo que a culpa seja sua. E por mais que ele se esforce, insiste em bater a um ritmo de culpa e desânimo.
Porquê que nós teimamos em nutrir sentimentos tão intensos quando sabemos serem demasiado arriscados? Porque vivemos nós, na busca por alguém que nos compreenda e complete sabendo que no fim, nos vamos magoar? Porque teimamos nós fazer do amor uma realidade? Ou melhor, como fazer dele uma? Já tentei desistir de um sonho que não consigo arrancar do peito - de ter alguém para mim - mas isso também dói.
Ninguém merece sofrer de amor. Ninguém deve sofrer da perda de um grande amor. Ninguém deve sofrer a dor da solidão. É certo também, que ninguém tem o direito de fazer do amor uma dor.
Então só nos resta o caminho da esperança, de fazer o melhor para que o sonho se realize. Mas depois aqui, em mim se vê a consequêcia da esperança. Mas por fim, de onde tirar o fôlego para lutar por algo que temos esperado à tanto tempo, e que em simultâneo, temos medo que nos magoe?
Eu gostava muito de não ter medo de sofrer. Gostava muito de me deixar ir e não pensar nas consequência. Gostava de me deixar ir, sem impor travões a mim mesma. Gostava de deixar que me levassem pela mão e de não içar qualquer entrave nem obstáculo. Mas tenho medo. E eu esforço-me para isso. Eu tento ir, e tento que me levem. Mas há dias em que pego na solidão, e brinco com ela entre os dedos, e quando dou conta já me encontro perdida entre devaneios românticos.

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